Exposição-Ocupação AND #2 | Lisboa
sábado, 07/12
|Rua das Gaivotas6
com Fernanda Eugenio, Ana Dinger, Andrea Capella, Colectivo Gato Morto, Dani d’Emilia, Gustavo Ciríaco e outrxs convidadxs
Quando-Onde
07/12/2019, 14:00 – 21/12/2019, 19:00
Rua das Gaivotas6, R. Gaivotas 6, 1200-202 Lisboa, Portugal
Detalhes
O projecto “Do Irreparável: o que pode uma ética de reparação?” assenta em vários dispositivos relacionais que se articulam através de diferentes situações de partilha, nomeadamente num formato experimental que decidimos formular como exposição-ocupação. Tornando acessível aquilo que normalmente está nos bastidores como os meandros da pesquisa artística, a dimensão de montagem e desmontagem de uma exposição, a presença constante dos corpos, agentes humanos e não humanos que compõem e produzem esse enquadramento espácio-temporal, esta é uma exploração das modulações do encontro em situação, que teve sua primeira ocorrência no Porto, em abril deste ano.
Desdobrado pela antropóloga Fernanda Eugenio desde o início dos anos 2000, o Modo Operativo AND consiste num estudo praticado das políticas da convivência, reunindo um conjunto de ferramentas para a investigação experiencial do acontecimento. “Do Irreparável: o que pode uma ética de reparação?” habita a questão-problema do Irreparável, nos (i)limites da ferramenta-conceito síntese do Modo Operativo AND, o Reparar. Deslocando os modos de fazer etnográficos para um plano de manuseamento comum e colectivo, o MO_AND articula-se como ética de reparagem e reparação. Este projecto convida à experimentação do que pode ou não ser (ir)reparável e à investigação de posicionamentos situados perante essa tarefa paradoxal e urgente que é a que nos coloca entre a irreparabilidade constituinte do mundo-tal-como-o-conhecemos e o compromisso com o gesto (im)possível de reparação.
Para nos acompanhar nesta jornada encarnada que abraça as dimensões afectivas, singulares e colectivas, mobilizadas ante a (ir)reparabilidade do mundo, contaremos com diversas contribuições e interlocuções, fazendo uso de (contra)dispositivos relacionais como jogos-conversa e performances situadas, em progressiva ocupação do espaço e entorno. Dentro da programação para esta ocupação do espaço por duas semanas teremos a apresentação da mais recente edição da Série Metálogos (Fernanda Eugenio e Ana Dinger), a instalação de um dispositivo cénico-arquitectónico pelo colectivo Gato Morto e de um trabalho audiovisual de Andrea Capella, uma proposição no âmbito das Práticas Site-Specific por Gustavo Ciríaco e Fernanda Eugenio, propostas conjuntas com Dani D’Emilia, o lançamento da caixa-livro AND, uma edição do projecto Matéria, de Catarina Vieira, com Fernanda Eugenio, e muitos outros encontros a inventar colectivamente e situadamente.
ONDE:
Rua das Gaivotas6
Rua das Gaivotas, 6 - Lisboa
(entrada livre)
QUANDO:
7 a 21 de dezembro de 2019
De terça a sábado, das 14 às 19h
COM QUEM:
Fernanda Eugenio e convidadxs | Ana Dinger, Andrea Capella, Colectivo Gato Morto, Dani d’Emilia, Gustavo Ciríaco.
A exposição-ocupação e as oficinas nela integradas fazem parte da programação inserida no projecto AND Lab 2019 | Do Irreparável: o que pode uma ética de reparação?, com o apoio da dg-artes.
BIOS
Fernanda Eugenio - Antropóloga, artista, investigadora e docente. Trabalha com pesquisa de campo, escrita, performance ampliada, proposições urbanas situadas e, sobretudo, com a construção de modos de fazer transversais para a composição relacional e para a criação por re-materialização - nomeadamente o Modo Operativo AND, metodologia que desenvolve há quinze anos e tem vindo a ser amplamente utilizada em diversas áreas. Desde 2011 dirige a plataforma AND_Lab | Arte-Pensamento e Políticas da Convivência - com sede em Lisboa e núcleos no Brasil (Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo) e Espanha (Madrid) - a partir da qual explora os entre-lugares emergentes de uma trajectória marcada por colaborações intensivas, deslocações e desvios, entre a pesquisa académica estrita e uma investigação singular dos usos artísticos e políticos da etnografia como ferramenta circunscritiva-performativa. É pós-doutora (2012) pelo ICS - Universidade de Lisboa; doutora (2006) e mestre (2002) em Antropologia Social (Museu Nacional, UFRJ) e formada em Dança pela Escola Angel Vianna. No Brasil, foi Pesquisadora Associada do CESAP/IUPERJ (2003-17) e Professora Adjunta de Ciências Sociais na PUC-Rio (2005-12). Nos últimos quinze anos tem actuado como professora convidada em diversos programas de formação em ciências sociais e humanas, artes e performance na Europa, EUA e América do Sul. As suas criações artísticas, colaborações e publicações circulam por Brasil, Chile, Argentina, Peru, Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Alemanha, Áustria, República Checa, Reino Unido, EUA e Vietname. É membro do Baldio | Estudos de Performance, com quem criou o primeiro Curso Experimental em Estudos de Performance em Portugal e da R.I.A. | Rede de Investigação Artística. www.and-lab.org
Ana Dinger - Licenciada em Escultura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (2008), frequentou os três primeiros anos da licenciatura na Faculdade de Belas-Artes do Porto. Desde cedo se sentiu desconfortável com categorias, oscilando entre teoria e prática e minando, aqui e ali, sempre que possível e com subtileza, os constrangimentos disciplinares. Frequentou o Ginasiano, o Balleteatro, o Centro de Dança do Porto, o Curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Forum Dança (Porto, 2003) e o primeiro ano do bacharelato da Escola Superior de Dança (Lisboa, 2003/2004). Completou pós-graduação em Arte Contemporânea, em 2011, na UCP (Universidade Católica Portuguesa). É na UCP que integra, actualmente, o programa de doutoramento em Estudos de Cultura (plataforma Lisbon Consortium), como investigadora afiliada ao CECC (Centro de Estudos em Comunicação e Cultura). Foi bolseira da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) entre Setembro de 2012 de Agosto de 2016. A sua tese investiga certos processos metonímicos, como a espectralidade (associada a uma determinada noção de hospitalidade), que contribuem para a construção de continuidade dos trabalhos artísticos ditos performativos. Articulando as suas questões com o Modo Operativo AND, que segue desde 2011, tem inaugurado outras possibilidades de relação que não se esgotam no ‘sobre’. Uma dessas possibilidades já materializada, além-tese, é uma série de conversas situadas e experimentais com Fernanda Eugenio (Metálogos), iniciada em 2015, que conta já com cinco edições. Investigadora associada ao AND Lab desde 2015, colabora intensivamente com Fernanda Eugenio no acompanhamento das oficinas e cursos, no desenho e na criação de dispositivos de partilha do MO_AND e na constituição da linha de pesquisa Metálogo e Co-operação.
Andrea Capella - Estudou Arquitectura, História da Arte, Cenografia e Cinema, especializando-se em Direcção de Fotografia na UFF, onde também deu aulas de 2004 a 2006. É diretora de fotografia dos longas metragens “Corpo Elétrico”(Marcelo Caetano),“Ressaca” (Bruno Vianna), “A Fuga da Mulher Gorila” (Felipe Bragança e Marina Meliande), “A Alegria” ( Felipe Bragança e Marina Meliande, seleccionado para a Quinzena dos Realizadores de Cannes), Claun (Felipe Bragança) e 20 curtas metragens, dentre eles: “Na sua companhia” (Marcelo Caetano, prêmio de Melhor Fotografia - Close 2012) e “Por dentro de uma gota d’água” (Felipe Bragança e Marina Meliande, prêmio de Melhor Fotografia – Kodak Film School Competition, Brasil). Dirigiu, com Peter Lucas, a curta “Instantâneos”, premiada como Melhor Filme no Festival Primeiro Plano de 2011 e co-dirigiu “Ficar parado cansa” - um episódio do longa Desassossego. Como artista visual, desenvolve trabalhos em diversos media, tais como fotografia, vídeo e desenho e colabora com diversos artistas de teatro, artes visuais e dança, com experiências em iluminação, fotografia, novas tecnologias e vídeo.
Dani d’Emilia - Artista e educadorx transfeminista. Desde 2001 trabalha internacionalmente em projectos de performance, artes visuais, teatro e pedagogia radical. É co-fundadorx da companhia de teatro imersivo Living Structures (Reino Unido) e do espaço artístico Roundabout.lx (Lisboa, PT). Dani foi membro do colectivo de performance transnacional La Pocha Nostra (MX / US) entre 2011-2016 e do dueto transfeminista Proyecto Inmiscuir (ES / MX) entre 2015-17. Actualmente também trabalha como pesquisadorx da Fundação Musagetes (CA), investigando possibilidades de educação decolonial através de práticas artísticas e críticas como parte dos programas Gorca Earthcare (Eslovênia), Free Home University (Itália), Gesturing Towards Decolonial Futures (Universidade de British Columbia, Canadá) e outros contextos de investigação encarnada. Sua formação inclui: MA – Literatura Comparada y Estudios Culturales, Universidad Autonoma de Barcelona (Espanha, 2016); MA – Programa de Estudos Independentes dirigido por Paul B. Preciado, Museo de Arte Contemporanea de Barcelona (Espanha, 2015); BA – Devised Theatre and Visual Arts Practices, Dartington College of Arts (Reino Unido, 2007); Diploma em Mime & Physical Theatre, Desmond Jones School (Reino Unido, 2003); e diversos outros treinamentos com artistas e educadorxs independentes em teatro, performance, live art, artes visuais, pedagogia radical e outras praticas corporais. www.danidemilia.com
Gatomorto - coletivo de arquitetos, artistas, designers e construtores fundado em 2016 na Trafaria, Portugal. Realizaram projetos como a Casa do Vapor, Plataforma Trafaria, Projeto Almar e mais recentemente, em março de 2018 estiveram em residência artística na Casa da Cerca onde construíram 13 peças para os jardins, organizaram 15 almoços coletivos, e deixaram uma exposição sobre o processo de trabalho realizado durante a residência. Desenvolvem projetos que geram ativação e reflexão sobre espaços. Ocupam e transformam espaço urbano, espaços públicos, lugares abandonados e não-lugares. Construções em madeira, instalações site-specific e arquitetura temporária são realizadas de forma coletiva e experimental. Escutar, olhar, sentir, conversar, respirar e viver os lugares é o ponto de partida para encontrar soluções e inventar lugares. O Gatomorto tem uma carpintaria que funciona no Antigo Presídio da Trafaria, chama-se Oficina do Gatomorto está aberta, sob marcação, à qualquer pessoa que queiria conhecer o espaço de trabalho. Fazem parte do Gatomorto: Maddalena Pornaro (IT), Miguel Magalhães (PT), Samuel Boche (FR) e Sofia Costa Pinto (BR).
Gustavo Ciríaco (Rio de Janeiro) - coreógrafo e artista contextual baseado entre Lisboa e Rio. Com formação em Ciências Políticas, Gustavo tem desenvolvido um conjunto multiforme de obras que transitam entre o teatro visual e a dança conceitual, passando por exposições vivas e trabalhos site-specific onde arquitetura, artes visuais e cênicas se encontram em performances marcadas pela partilha do sensível. Suas obras foram apresentadas em importantes festivais, galerias e instituições nacionais e internacionais como Crossing the Line/N.Iorque; Casa Escendida/Madri; Museu de Serralves/Porto; Mercat de Flors/Barcelona; Alkantara, Culturgest, TNDM II, ZDB, Museu Berardo/Lisboa; Ferme de Buisson, Paris Quartier d’Été/Paris; Tanz im August/Berlin; Al-Mammal Foundation/Jerusalém; Prague Theatre Festival/Praga; Vooruit/Ghent; Tokyo Wonder Site/Tóquio; Digital Art Center/Taipei; CENEART/Cidade do México; Panorama, Tempo Festival, CCBB/Rio de Janeiro; Arqueologías del Futuro/Buenos Aires; Bienal SESC de Dança, Itaú Cultural/São Paulo; Salón 44/Pereira; Walk&Talk/Ponta Delgada; London Festival, BAC, Laban Centre, Chelsea Theatre/Londres; NottDance/Nottingham; Arnolfini/Bristol; Metropolis/Copenhague; NAVE/Santiago; FIDCU/Montevidéu; FADJR/Teerão; Danzalborde/Valparaíso; Nave/Santiago, San Art Gallery/Ho Chi Min, entre outros. Suas obras mais marcantes foram Aqui enquanto caminhamos/2006, Still – sob o estado das coisas/2007, Onde o horizonte se move/2012, Sala de Maravilhas/2012, Gentileza de um Gigante/2016, Viagem a uma planície enrugada/2017. Em 2018, Ciríaco estreou a sua nova criação Cortado por todos os lados, Aberto por todos os cantos, no Teatro Nacional Dona Maria II, no marco do festival Alkantara, em Lisboa, e posteriomente no Museu de Serralves, em Junho de 2019. Desde 2018, Ciríaco é artista-pesquisador de THIRD, na DAS Graduate School, Amsterdam University of the Arts, em Amsterdão.