(under)stANDing | Referir, Interferir, Transferir: Posições Diante da Ferida

ESCOLA DO REPARAR 2024

Programa (under)stANDing

Referir, interferir, transferir: posições diante da ferida

com Iacã Macerata, Mariana Pelizer, Pat Bergantin e Ruan Rocha

workshop teórico-reflexivo online

Online via zoom | 4, 11, 18 e 25 de Novembro, segundas-feiras | Horário PT: 11h - 13h | Horário BR: 8h - 10h

• Valor: contribuição Simbólica: 10 Euros / 60 Reais. Escolher ticket(s) abaixo;
• Pré-requisitos: não há;
• Carga horária total: 8h (4 encontros de 2h cada);
• Língua: o workshop será conduzido em português.

Às segundas de novembro, Iacã Macerata, Mariana Pelizer, Pat Bergantin e Ruan Rocha, investigadories da Linha de Pesquisa AND Cuidado, dedicada a pesquisar os efeitos de cuidado e reposicionamento da subjetividade consequentes da prática do Modo Operativo AND, abrem os seus estudos à volta do tema da Relação. A proposta é abordá-la como posições diante da ferida: referir, interferir e transferir. A ferida, como efeito do encontro, interpela modos de estar junto, modos de co-produzir o 'entre' que emerge quando algo nos afeta. Em que lugar me colocam? O que faço com isso? Qual efeito isso vai ter? São as nossas perguntas de investigação.

Os encontros são destinados a pessoas envolvidas com escuta clínica e interessadas na prática do cuidado como uma ética do comum.

PROPONENTES

Iacã Macerata é psicólogo,  professor adjunto do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. Colabora na Linha de Pesquisa AND Cuidado desde 2013.

Mariana Pelizer é Esquizocorpo, corpo em devir, ecofeminista, doutora em psicologia clínica, artista das práticas de cuidado, curadora de desejos. Colabora na Linha de Pesquisa AND Cuidado desde 2023.

Pat Bergantin é artista do corpo, esquizoanalista e educadora. Desde 2019 trabalha no AND Lab na equipa Artístico-Pedagógica e atualmente integra a Linha de Pesquisa AND Cuidado e apoia o AND Lab na área da Comunicação.

Ruan Rocha é investigador, psicólogo clínico e da saúde. Atua com as subjetividades nas intersecções com a arte, gênero e sexualidade, e migração. Colabora na Linha de Pesquisa AND Cuidado desde 2017.

BOLSAS

• Em todas as atividades da Escola do Reparar oferecemos bolsas em 25% das vagas, para pessoas racializadas; PCDs e/ou outras corporalidades dissidentes; pessoas LGBTQIA+; afetadas por desigualdades de gênero e/ou classe social; desempregades; migrantes; refugiades.
• Nesta oficina, serão oferecidas até 6 bolsas integrais.
• Para solicitar uma bolsa, preencha o formulário de inscrição, conte-nos o seu perfil e motivação para o pedido e aguarde o nosso contacto. Será concedida 1 bolsa a cada 5 inscrições pagas.

SOBRE O PROGRAMA (under)stANDing

Toda a viagem da Escola do Reparar é, a cada ano, assistida e nutrida pelo (under)stANDing, programa de investigação continuada e de criação de artefatos por Fernanda Eugenio em colaboração com o Coletivo AND e as diferente linhas de investigação coletiva e/ou pesquisas individuais sustentadas por seus integrantes.

Acionamos o termo (under)standing em contraposição a understanding - em inglês, entender - propondo um modo de pesquisar que desvia da interpretose, declinando da representação em favor da presentação. Comprometer-se com "suspender o under do understand" é comprometer-se com a experiência direta; com investigar-criar a partir de um estado de presença que sustenta o não-saber e procura se sintonizar com as sabedorias encarnadas que portamos para além e para aquém da ilusão do ponto de vista.

Essa atividade é composta por trabalho presencial no Espaço AND Lab em Lisboa, encontros online e pelas Residências de Criação LAND, se abrindo ao exterior através de sessões de partilha em modo oficina teórica e/ou prática, além de mostra de processos algumas vezes por ano.

+SOBRE O MODO OPERATIVO AND

O Modo Operativo AND (MO_AND) é uma metodologia para a investigação ético-estética, somático-política e experiencial da relação e da reciprocidade, assente no compromisso radical em reparar (n)o Irreparável, criada pela antropóloga e artista Fernanda Eugenio.

Mobilizando uma constelação de ferramentas-conceito e de proposições-jogo, o MO_AND propicia a investigação direta e experiencial dos mecanismos do viver-juntes, ou seja, da composição praticada enquanto ética de posição-com, através do exercício do Re-parar:  parar de novo, fazer o inventário-invenção do possível a cada vez, e efetuar a reparação através do cuidado-curadoria duracional das relações. Praticando uma consciência encarnada e modos de fazer baseados na circunscrição do comum e na performatividade do afeto, que colocam num mesmo plano o pensar, o sentir e o fazer, o MO_AND abre caminho para a emergência de paisagens colaborativas e territórios de suficiência, baseados no exercício co(m)passionado da presença e na reconexão com a experiência sensível da inseparabilidade.

O MO_AND oferece ferramentas concretas para potenciar processos de colaboração, co-aprendizagem e negociação da convivência. Nomeadamente, permite perceber padrões comportamentais e tendências relacionais, contribuindo para o desenvolvimento de capacidades de auto-regulação emocional, de auto-gestão da atenção (seleção, focalização e coordenação dos estímulos), e de consequentes tomadas de decisão e respetiva encarnação.

No âmbito dos laboratórios e oficinas, a interface ‘jogo de tabuleiro’ é aquela que serve de base à partilha, a seguir desdobrada em diferentes exercícios mais complexos, com diferentes escalas, no estúdio ou em espaço exterior, a depender do grupo e da duração do encontro.

Neste jogo não há regras preestabelecidas mas sim regras imanentes, que emergem do próprio jogar, ou seja, do co-posicionamento e da co-responsabilização de quem participa. Através de um trabalho de dobra-e-desdobra e de manuseamento direto da materialidade dos acontecimentos, é possível corporificar as questões da convivência, da sustentabilidade, da criatividade, da empatia/sintonia, da disponibilidade à diferença e da reciprocidade.

Os exercícios permitem que pessoas participantes com os mais diversos interesses e perfis – provenientes de qualquer área, tendo ou não contato prévio entre si ou com o MO_AND – possam partilhar um mesmo plano de inquietação, experimentando de modo íntimo e coletivo as questões ético-políticas e afetivas implicadas na construção co-responsiva do comum.